Quantas vezes viram esta porcaria?

domingo, 6 de junho de 2010

Crítica: "O Remorso de Baltazar Serapião"

Apesar de ter sido obrigado a ler o livro, achei-o moderadamente interessante no início. Mas à medida que o fui lendo achei que a história e o modo de escrita não eram como inicialmente pensei, péssimos e parvos. Apesar do desgosto inicial o livro até valeu a pena o esforço inicial.

A história passar-se na Idade Média e ser intemporal é um grande feito do autor. Porque apesar do modo de vida e pensamento serem completamente diferentes, o autor é capaz de focar um tema que é presente em qualquer século. O tema do casamento e interacção entre o casal, com os amantes, terceiros e as reacções. A submissão da mulher ao desejo do homem e de como este se vinga em casa é o tema principal que o autor consegue trazer com bastante clareza.

A história é simples. Uma família cujo pai ensina o filho  como deve de educar a sua mulher, a mulher submissa e o filho mais novo que fala com a vaca da família, vaca esta que dá o nome à família. É facto que é nas famílias mais simples que estes problemas tendem a acontecer. Devido ao pensamento mais popular e antiquado que o do mundo moderno, estas famílias pensam que o homem é o senhor da casa e a mulher tem que se submeter.
Nesta família os nomes não são escolhidos ao acaso, cada um deles tem um significado que vai de encontro à personagem. Brunilde, segunda a mitologia nórdica era uma valquíria que vive num triângulo amoroso entre o heroí que a salva, Siguror e Gunnar. A história resume-se a Siguror que perde a memória de ter salvo Brunilde devido a Gunnar que o enfeitiça. Gunnar usa Siguror para lhe trazer Brunilde, mas o feitiço quebra-se e esta acaba pr descobrir tudo. Siguror apaixona-se outra vez por Brunilde, mas furiosa esta planeia matá-lo. O irmão mais novo de Gunnar mata Siguror e esta depois suicida-se com os remorsos.
Ermesinda significa aquela que está sob a guarda do deus Irmin. Acontece que a Ermesinda do livro está sob a guarda autoritário de Baltazar.

O modo de escrita do autor é bastante característico. Usa apenas letras minúsculas para que todas as letras do seu livro tenham o mesmo significado. A meu ver é algo que faz bastante sentindo, dessa forma o livro é lido uniformemente e não inicialmente com importância e depois como apenas letras. Mas, a meu ver, a sua maior caracteristica é não usar travessões ou aspas para citar os diálogos o que torna o livro confuso no início. Claro que depois já se torna fácil, é como se quisesse fazer ao autor um exercício de leitura.
Como Valter Hugo Mãe é um autor angolano tem na sua escrita um troca da ordem clássica das funções sintácticas. Esta troca torna o livro mais agradável à leitura e à mostra-nos como era o português da idade Média, um português mais forte e prenunciado do que actualmente. O que pode ser a maior qualidade de escrita do autor é conseguir criar a história com um narrador na 1ª pessoa e ao mesmo tempo descrever a cena de uma forma em que o leitor está quase dentro dela, exemplo:

"(pág. 67) e foi no dia em que o povo se preparava para queimar a mulher que se portava mal que o meu pai rebentou braço dentro o ventre da minha mãe e arrancou mão próprio o que ali alguém deixara. e gritou serás amaldiçoado para semprre. depois estalou-o no chão e pês-lhe o pé nu em cima, sentindo-lhe carnes e sangues esguicharem de morte esmagada. e, como se gritava e mais se faria confusão, mais se apagava a minhã mãe, rápida e vazia a fechar olhos e corpo todo, não era mais ali o caminho para a sua alma, seria só deitado à terra para que desaparecesse."

Na minha conclusão a esta crítica. o remorso de baltazar serapião é um livro que não é um história é quase que uma máquina do tempo que nos leva ao passado e nos mostra que existem coisas intemporais. O ciúme, a dor, a tortura, o sofrimento e o tudo o que de mal se pode fazer é intemporal. Mas também a bondade, a simplicidade são algo que o tempo não destroí e existem sempre. É um bom livro e recomenda-se a qeum queira ler algo diferente. Porque o livro é descrito numa expressão, é diferente do habitual.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Poeta: D.Dinis


D. Dinis

D. Dinis, 6º rei de Portugal, filho de D. Afonso III, nascido em 1261 e morrido em 1325. Desde cedo subiu ao trono 1279 e para além de ter plantado o Pinhal de Leiria, criou também a Universidade de Coimbra, a primeira de Portugal, e dedicou-se a poesia. Faz parte das origens da literatura portuguesa pelo facto de ser um trovador, a primeira forma de literatura em português. Compôs 138 cantigas.

Uma cantiga de que gostei foi:

Quer'eu em maneira de proençal
fazer agora un cantar d'amor,
e querrei muit'i loar mia senhor
a que prez nen fremusura non fal,
nen bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de ben
que mais que todas las do mundo val.

Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedor
de todo ben e de mui gran valor,
e con todo est'é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bon sen,
e des i non lhi fez pouco de ben,
quando non quis que lh'outra foss'igual.

Ca en mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad'e loor
e falar mui ben, e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit', e por esto non sei oj'eu quen
possa compridamente no seu ben
falar, ca non á, tra-lo seu ben, al.

El-Rei D. Dinis, CV 123, CBN 485

Escolhi esta cantiga porque retrata o Teocêntrismo da época medieval. A cantiga transmite-me as crenças mais importantes e o que moderava as acções humanas.  Que D. Dinis não acordava e seguia tão cegamente como o seu povo.